Atualmente, o uso concomitante de álcool ocorre em aproximadamente 50% dos usuários de cocaína tanto para potenciar os efeitos positivos dessa droga quanto para tentar mitigar seus efeitos negativos. No entanto, como resultado dessa mistura, surge um novo composto, o cocaetileno, cujos efeitos fisiológicos são muito semelhantes aos da cocaína (amplificação da euforia), mas com maior toxicidade cardíaca e risco de morte.As formas mais utilizadas de cocaína são o cloridrato de cocaína (cocaína em pó) e o crack, administrados por diferentes vias. O primeiro é geralmente aspirado (intranasal) ou injetado (intravenoso), enquanto o segundo é tipicamente (mas não invariavelmente) fumado. Ambos estão associados com diferentes efeitos adversos e outros problemas.Considerando as distinções entre consumo de cocaína em pó e de crack, e a frequência do uso simultâneo dessa substância com o álcool, um estudo investigou as diferenças nos padrões de uso e problemas relacionados entre quem consome álcool juntamente com cocaína em pó versus os que fazem essa combinação com o crack.
Neste estudo, usuários que relataram uso simultâneo de álcool e cocaína foram recrutados em clínicas e comunidades londrinas. O recrutamento de pessoas na comunidade foi por meio de uma técnica de amostragem não-probabilística chamada “bola de neve”, na qual participantes do estudo ajudam a recrutar mais indivíduos convidando seus conhecidos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas face-a-face a partir da aplicação de questionário.
No total foram recrutados 110 participantes, sendo que 69 relataram o uso de cocaína em pó, 33 de crack e 8 indivíduos relataram o uso de ambas. Como o objetivo do estudo foi comparar as características de cada grupo, aqueles que relataram usar as duas formas de cocaína foram excluídos das análises subsequentes. Assim, a amostra do estudo (n = 102) foi composta por 53 homens (52%) e 49 mulheres (48%), com média de idade de 30,3 anos. Os usuários de crack apresentavam escolaridade inferior (medida em anos completos de estudo) e trabalharam menos dias em um emprego formal do que os usuários de cocaína em pó, durante o mês anterior à entrevista.
A frequência do consumo de álcool e as quantidades máximas de álcool ingeridas por ocasião de beber pesado*, no mês anterior à pesquisa, foram significativamente maiores entre usuários de cocaína em pó do que entre os de crack (20 dias e 23 doses de etanol; 15 dias e 15 doses, respectivamente).
Outro dado é que os usuários de cocaína em pó relatam o comportamento de beber pesado mais frequentemente e durante períodos prolongados do que usuários de crack.
fonte: cisa